Meu amontoadinho de contáveis cabelos brancos e uma reflexão
sobre escolhas e a imparável continuidade da vida onde quer que a gente ou os outros estejam.
textinho de quinta - o próprio nome já diz.
Causos, contos e crônicas reflexivas, ou não.
Era uma terça-feira de manhã.
Como sempre acordei, fiquei rolando o feed do Instagram, o Matti me chamou avisando que o café da manhã estava na mesa, pulei da cama, tomei o café (que na verdade é sempre chá) e fui lavar o rosto e escovar os dentes.
Enquanto limpava as remelas insistentes ao redor dos olhos olhei pro topo da cabeça. Foi assim que os vi ali: meu amontoadinho de contáveis cabelos brancos que começaram a se impor no ano anterior.
Tombei a cabeça, cheguei mais perto do espelho para olhar melhor (a vista por aqui não está como antes), toquei neles e quando toquei neles, pensei: No Brasil ninguém nunca viu meus cabelos brancos!
E nessa eu percebi que a gente pensa muito sobre o susto que a gente leva quando vê os familiares envelhecendo e em como eu nunca pensei que o oposto também iria acontecer.
Quando eu retornar ao Brasil depois de pelo menos mais de dois 2 anos distante eles com certeza vão me ver e em algum momento vão pensar: “Nossa, o tempo tá passando pra ela!”
Não, não me venha dizer que eu posso pintar o cabelo porque não é sobre os cabelos brancos em si, é sobre isso: o tempo estar passando e a gente escolher passá-lo aqui ao invés de lá.
É sobre esse peso e essa dor que sempre vai existir por não vê-los envelhecer de lá nem eles a gente daqui, mas cientes de que a vida é isso, escolhas, onde cada escolha carrega uma renúncia e cabelos brancos.
E, sim, disseram que não seria fácil, mas que a gente aprenda a honrar o nosso difícil e ser nele tão feliz quanto for possível.
o imigrante não tem paz.
São muitas as razões que tornam a vida do imigrante difícil e por isso eu criei esse “quadro” com dificuldades reais e outras nem tanto. Contém ironia em alguns casos, aprenda a diferenciar.
Aproveitando o tema “cabelo” eu vim lançar essa reclamação aqui: a tal da água dura da Europa que eu só fui ficar sabendo quando cheguei na Itália e meus cabelos ficaram mais secos que espiga de milho.
Gastei tempo, dinheiro e fios de cabelo investindo em marcas de shampoo caras porque eu acreditei que essa era a solução. Eis que um dia eu decidi voltar pro bom e velho conhecido Elseve e meu cabelo finalmente ficou menos ruim.
Bom, bom, acho que não fica mais, não. Sei lá se é a água, talvez o stress, provavelmente tudo junto.
imidicas.
Dicas inú
teis por e para imigrantes, ou não.
Cuidado com a secadora da máquina de lavar roupas!
Anualmente eu perco uma peça de roupa que eu gosto muito porque eu insisto em colocar todas as roupas juntas, sem distinção de material, cor ou credo.
O inverno nem começou e lá se foi meu blusão lã que ganhei de aniversário da sogra ano passado. O pobre que era um tamanho a mais do que realmente era necessário agora não passa nem pela cabeça. Talvez sirva pra minha sobrinha de 6 anos!
me valoriza.
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